Por Su Wenjie

            Alimentos contaminados são um risco à saúde e podem ocorrer em todos os lugares, até mesmo em ambientes domésticos, caso não sejam tomados os cuidados adequados. Assim, é necessário executar as boas práticas para evitar contaminações e garantir um alimento seguro, livre de agentes causadores de doenças, tais como bactérias, fungos e vírus, todos eles invisíveis a olho nu, porém presentes em todas as etapas de produção até o consumo. Portanto, sejamos críticos e conscientes quanto às nossas boas práticas dentro de uma cozinha, seja em uma unidade de produção de refeições coletivas ou a própria residência.

É fundamental que busquemos fontes confiáveis para nos informar sobre as corretas boas práticas e sempre com senso crítico para os riscos de contaminação que podem estar presentes nos ambientes, utensílios (facas, tábuas, talheres, tesouras) e equipamentos (liquidificador, forno, fogão, geladeira) em contato com os alimentos, quando os manipulamos, principalmente neste período da COVID-19.

Podemos fazer uma analogia entre a capacidade de reprodução e contaminação dos microorganismos e a disseminação de informação nas mídias. Bactérias podem dobrar de quantidade em 15 minutos, no entanto, a instantaneidade da divulgação da informação hoje, ultrapassa o intervalo de segundos para viralizar uma notícia. Os conteúdos compartilhados nos meios de comunicação alcançam rapidamente seu público e são disseminados em cadeia, sem antes ter a sua qualidade e confiabilidade verificadas.

Desta maneira, notícias sem uma certificação de procedência que garanta a sua qualidade, não é uma informação segura, pois assim como um alimento sem procedência insinua riscos para a saúde, o mesmo é válido para uma informação contaminada por achismos e excesso de manipulação (quanto maior a manipulação, maior os riscos de contaminação de um alimento).

A mídia e as redes sociais são instrumentos de suporte para a difusão da informação com grande poder de influência sobre o pensar e o agir das massas, visto que sabem comunicar e persuadir, fazendo com que as pessoas assimilam facilmente o seu conteúdo, ressignificando e incorporando-as imperceptivelmente às suas crenças, atitudes e comportamentos. Todavia, para nossa segurança, precisamos nos posicionar e avaliar com crítica a atual mediatização e somente apenas assimilar com automatismo tudo o vemos, lemos e escutamos.

Os programas e reality de televisão de culinária, por exemplo, bem como os apresentadores e figuras públicas que deles participam, são grandes influenciadores da mídia e agentes das modelagens sociais que espelham padrões e comportamentos, até mesmo as boas práticas de fabricação dos alimentos. Desta forma, eles precisam estar cientes quanto a estes aspectos para evitar a propagação de dúvidas e de práticas inadequadas em prejuízo a oferta de um alimento seguro em massa.

Por fim, as mídias são elementos chaves na comunicação e nas interações sociais, no entanto, a intensa mediatização dos conteúdos é perigoso, pois sua instantaneidade não permite tempo hábil para a certificação e validação da informação disseminada, cujos vieses de confiabilidade intensificam à amplificação social dos riscos, dado a facilidade, quase imperceptíveis, que elas são incorporadas as representações sociais e cognitivas individuais e coletivas diariamente. Portanto, é importante procurar e seguir orientações adequadas e confiáveis para a manipulação e conservação dos alimentos, atentando-se para higienização correta das instalações, superfícies, mãos e asseio pessoal. A contaminação dos alimentos é um risco à saúde pública e temos o dever de garantir o máximo de segurança a todos os consumidores, até mesmo dentro da própria casa.