Por Ana Luisa Simon

Há quem diga atualmente que o ato de fazer compras tornou-se uma ciência. “Essa ciência foi inventada ao longo das tarefas que desempenhamos e se tornou um campo de estudos vivo e vibrante”.

“Se os consumidores entrassem nas lojas apenas quando fosse necessário comprar algo, e comprassem apenas o necessário, a economia quebraria”. Não à toa que os supermercados têm suas táticas para vender seus produtos.

Cada marca desenvolve sua campanha publicitária para exaltar as características de seus produtos e benefícios de seu consumo, inclusive nos pontos de venda. Mas a decisão final de onde esses produtos serão posicionados é do próprio supermercado.

A organização das seções e gôndolas é feita de maneira estratégica, para atrair o maior número de visitantes àquele setor e os produtos estão posicionados para atrair a maior atenção possível dos clientes. Os produtos mais caros normalmente estão nas prateleiras ao nível dos olhos dos consumidores, e é onde estão também as novidades ou produtos de destaque. Essa organização muda na seção “guloseimas”: os produtos mais caros ou com maior destaque ficam nas prateleiras mais inferiores para atrair a atenção das crianças.

As secções de produtos essenciais – padaria, açougue, peixaria – normalmente estão no fundo da loja justamente para que o cliente passe por outros setores antes de chegar àquele que procura com muita frequência. Além disso, mudar produtos de lugar também é uma estratégia muito utilizada: obriga os consumidores a percorrer o maior número possível de corredores.

Comparar preço é o primeiro cuidado que os consumidores têm para realizar suas compras; verificar a higiene e organização do estabelecimento é o segundo passo. Algumas dicas bastante conhecidas para muitos também devem ser seguidas:

  • Faça uma lista de compras antes de sair de casa. Assim é possível verificar o que realmente está faltando na dispensa, evita que se compre além do necessário ou que haja esquecimento de algum item importante;
  • Não vá ao supermercado com fome. A vontade de comer aumenta o volume total da compra;
  • Produtos perecíveis: carnes, frios, frutas, verduras e legumes devem sem comprados semanalmente para manter seu frescor e qualidade. Os não perecíveis ou congelados podem ser comprados mensalmente ou com uma frequência menor;
  • Se não tem tempo de comprar os hortifrútis na feira ou prefere comprar tudo em um só local pela praticidade, dê preferência para ir ao supermercado no “dia da feira”: é nesse dia que a qualidade das frutas e verduras está melhor e o preço normalmente é mais baixo;
  • Não faça compras com pressa. Tenha calma e atenção no momento da compra para não comprar itens desnecessários;
  • Controle o impulso por comprar os junk-foods e altamente industrializados (biscoitos, petiscos e guloseimas em geral): estabeleça uma quantidade mínima suficiente para satisfazer a vontade de doces. Pensando dessa forma, a compra pode ficar mais barata e a ingestão de alimentos com as chamadas “calorias vazias” passa a ser mais baixa;
  • Comece as compras pelos produtos de limpeza e higiene pessoal, e alimentos não perecíveis. Depois escolha os hortifrútis, alimentos congelados e por fim os que são armazenados em geladeira. No momento de organizar os produtos no carrinho, mantenha os produtos de limpeza longe dos alimentos para evitar qualquer tipo de contaminação.

O que muitos não sabem é que existem muitos detalhes que passam despercebidos pela maioria dos clientes, mas que são fundamentais para a garantia da qualidade sanitária dos alimentos. Para evitar perdas, alguns estabelecimentos podem agir de má fé e adulterar, reaproveitar ou mascarar a real qualidade dos produtos que estão à venda:

  • SEMPRE verifique a validade dos produtos;
  • Verifique também, se houver, a validade dos produtos após abertos: após a violação do lacre, muitos alimentos tem a validade diminuída e podem ter um modo de conservação diferente. Em produtos que têm volume muito grande pode acontecer o mesmo tipo de problema: o tempo de validade após aberto ultrapassa sua média de consumo (dependendo do consumo, o custo-benefício de comprar mais embalagens com menor volume cada é mais vantajoso);
  • Os locais seguem a regra de PVPS “Primeiro de Vence, Primeiro que Sai” na organização dos produtos em exposição nas prateleiras. O que isso significa: os produtos da frente da prateleira tem prazo de validade mais curto do que os que estão no fundo. Dependendo de quando você usará os produtos, não vale a pena bagunçar toda a prateleira para buscar um produto com a validade mais longa (muitas vezes são poucos meses de diferença). Se a ideia é estocar o produto, fique a vontade de escolher a data do produto;
  • Rótulos desbotados ou sujos são sinais de produtos velhos; 
  • Fique atento ao comprar produtos que tem validade muito longa – acima de 2 anos (enlatados, conservas, farináceos, pré-misturas) perto de seu vencimento. Só os compre se for utilizar o produto todo antes da data de expiração;
  • Verifique se não há nenhum tipo de marcação (feitos com caneta, ponto final em excesso nas frases) nas etiquetas, principalmente perto de onde está escrito a validade – pode indicar algum tipo de revalidação ou adulteração do prazo de vencimento;
  • Veja se não há resíduos de etiquetas nas embalagens – pode indicar alteração da validade ou reaproveitamento de embalagens;
  • Em embalagens transparentes, principalmente de produtos naturais, veja se não há nenhum indício de pragas (moscas, pontinhos pretos);
  • Nas gôndolas de mercados em geral, observe se não há formigas e moscas, líquidos derramados, restos de alimentos;
  • Mesmo sendo prático, fique atento em comprar frios e queijos já fatiados, em locais onde a rotatividade de produtos é baixa ou onde são feitos em grandes quantidades. O ideal é pedir para fatiar na hora para manter o frescor do produto. Isso evita também que se compre uma bandejinha que teve a validade alterada ou até de um produto já vencido;
  • Cuidado ao comprar frutas e legumes previamente embalados pelo mercado. Isso impede que você escolha individualmente os produtos que está levando e impede que você visualize a real condição dos alimentos (se estão maduros, com pontos de bolor, alteração de cor ou machucados na parte inferior). O mesmo vale para os ovos: aproveite para conferi-los dentro da caixa;
  • Em produtos vendidos fracionados e pesados, veja na etiqueta da balança se há um valor de “tara de embalagem”. Algumas embalagens têm o peso muito baixo e os mercados incluem o peso da embalagem no preço final do produto;
  • Produtos vendidos à vácuo devem ter a embalagem praticamente colada ao alimento. Fique atento se houver uma folguinha de ar ou líquidos escorrendo facilmente dentro do pacote: microfuros às vezes não são percebidos aos olhos, mas já são suficientes para contaminar ou prejudicar a qualidade dos alimentos;
  • Fique atento às promoções do dia, com preço muito abaixo do normal: a validade pode estar expirando e o estoque do local está muito alto – a promoção é para aumentar a venda do alimento, mas muitos se encantam pelo preço e esquecem de avaliar as características do produto. Da mesma forma, fique atento às promoções “leve dois, pague um”;
  • Na vitrine ou gôndolas de doces, verifique se há uma camada açucarada nos produtos: eles podem estar em exposição a bastante tempo;
  • Para produtos congelados veja, sempre que possível, se existem cristais de gelo nas embalagens ou nos produtos. Isso pode indicar alterações de temperatura durante o transporte ou armazenamento da mercadoria. Embalagens de papelão/papel de pratos congelados que estão amassadas, danificadas, manchas podem indicar manipulação inadequada ou alteração de temperatura;
  • Nos produtos cárneos (carnes, aves e peixes) vendidos resfriados, é possível identificar se há algum mau-cheiro através da embalagem. Mesmo que não haja alteração da textura ou da cor, o mau cheiro pode indicar que o produto já está em fase de deterioração;
  • Prefira conservas e compotas embaladas em vidros ao invés de lataria: elas podem ter o custo mais elevado, mas, em compensação, é possível avaliar a qualidade dos produtos: se tem fungos, algum sinal de fermentação, espuma ou tampa enferrujada.

Na dúvida, procure algum funcionário responsável pelo estabelecimento. Caso compre algum alimento que esteja estragado, devolva-o no mesmo local onde foi comprado. Por isso também é importante guardar o cupom fiscal da compra. Se houver uma inconformidade no produto, o cliente pode entrar em contato com a empresa fabricante e, dependendo da gravidade, registrar a denúncia no órgão de defesa do consumidor de sua cidade.

Não abuse do conceito de que o “cliente sempre tem razão”; desde a produção até o local de venda todos são responsáveis pela qualidade sanitária e segurança alimentar dos produtos. Mas fique sempre atento, pois a responsabilidade do que você está consumindo também é sua!